quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

São Paulo, 3 de março de 2005


Querido Goham,

hoje a mamãe foi na natação de manhã, mas você não me deixou nadar muito não: foi só nadar duas piscinas mais forte e você se rebelou e eu fiquei enjoada...Não tem problema - os enjôos fazem parte de tudo, e me dizem que está tudo correndo conforme o esperado.

A mamãe anda um pouco chata. Estou muito feliz que você está chegando, mas os hormônios! Eu fico um pouco imprevisível. Coitado do papai, que tem que aguentar.

Depois que você não estiver mais dentro da minha barriga, vai ver que seu pai é um homem maravilhoso. A mamãe sabia disso quando o viu pela primeira vez. Ele é muito inteiro e talvez por isso mesmo de vez em quando seja dado a uns silêncios. É que ele quer fazer tudo direitinho, quer dar conta de tudo e garantir o melhor para suas irmãs e para você. E nem adianta a mamãe dizer para ele que ele não está sozinho nessa tarefa de cuidar de você...

Apesar desses silêncios - que preocupam a mamãe porque sou muito tagarela -, seu pai tem outros jeitos de estar por perto. E acho que você vai aprender isso muito mais rápido do que eu. Quem sabe não é você quem vai ensiná-lo a expressar de outras formas todo esse amor e carinho que ele tem?

(Eu não deveria escrever isso para você, mas vou te contar um segredo: ensinar a viver não é uma coisa que só os pais ensinam aos filhos; quando você chegar, com seus olhinhos de recém-chegado, vai prestar atenção em coisas que talvez a gente não veja - ou porque se acostumou, ou porque nunca olhou direito mesmo. E aí, a gente vai poder descobrir o mundo de novo com você...).

Agora mamãe vai trabalhar, tá? Depois escrevo mais.

Beijos e apertões,

Fabiana

Imagem: www.gettyimages.com.br

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