quinta-feira, 30 de abril de 2009

Solução avançada de problemas

As crianças de hoje são tão espertas que eu costumo chamar o Rodrigo de "solução-avançada-de-problemas" (igual à mensagem que aparece quando o Windows tá começando, sabem? "aperte F-alguma coisa para solução avançada etc." Não sei porque, acho muito boa essa frase e acho que se aplica perfeitamente às capacidades dessas pessoinhas...).

Enfim. Fato é que Rodrigo é filho de mãe natureba e vegetariana e pai com um pé na junkie food. Então, ontem no lanche tinha hambúrguer de soja e orégano e também salsichas. O que o menino fez? Montou um sanduíche em pão de hambúrger recheado com...hambúrguer de soja & salsichas. Ao mesmo tempo. E pôs catchup em tudo.

Sem crise, sem esquizofrenia... Embora, para minha tristeza, ele só tenha comido as salsichas :-( e eu juro que é um hambúrguer de soja bem gostoso.

Imagem: www.gettyimages.com.br

sábado, 25 de abril de 2009

O mundo

Na hora de dormir, Rodrigo me pediu para ir fazer companhia para ele no quarto. Fomos eu e meu livro, que li uns cinco minutos porque o menino rodou, girou, "fritou", e então pediu para eu cantar "a música do boi-boi-boi". Cantei (ou cantamos, já que ele também cantou).

Acabei essa e cantei "Meu neném" (do Palavra Cantada). E depois ainda cantei "Minha Canção" (dos Saltimbancos). Pra terminar, contei de quando ele era pequenininho, e depois de dar mamá pra ele, eu ficava um tempão com ele no colo, cantando "Valsa para uma menininha", do Toquinho, embora eu cantasse menininho e, quando ele ainda estava na barriga, substituísse o "não cresça mais não" por um "cresça bastantão" :-)

Comecei a cantar e quando chegou na segunda estrofe, em que a música diz:

Fique assim, fique assim sem crescer
Porque o mundo é ruim, é ruim e você...

Rodrigo me interrompeu:
- Mas mãe, o mundo não é ruim.

E eu concordei, "é, filho, não é".

Mas me deu vontade de continuar a cantar a música e explicar que, de vez em quando, o mundo parece sim ruim; talvez de vez em quando, ele até seja de fato. Quando a gente se desilude, quando a gente desacredita, quando a gente se desespera e só tem espaço pro bicho-papão.

Que bom, Rô, que pra você, pelo menos por enquanto, a vida é bem mais do que o bicho-papão. Que bom, filho, que mesmo com essa correria de ultimamente, essa tese que nunca termina, você sabe que o mundo é bom. Ou bão.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Diálogos

Então que a fase de chamar os amigos para vir em casa e ir à casa dos amigos voltou com força total! E só porque eu tinha combinado com o Rô que amigos em casa, só depois de eu entregar a tese (sete semanas, gente, sete semanas!), o ser resolveu chegar na classe dele e anunciar:
- Quem quer ir na minha casa põe o dedo aqui, que já vai fechar!
De modo que tive que me render ao fato de que agora, todos os dias, quando chego para buscá-lo, uma porção de pipoquinhos vêm me perguntar se podem "ir na casa do Rô".

Numa dessas, o G. me perguntou:
- Posso ir na casa do Rô?
- Pode, G. Mas eu tenho que conversar com a sua mãe e o problema é que tenho que encontrar com ela aqui na escola porque não tenho o telefone dela.
E o G., desconfiadíssimo de que aquele papo era pura enrolação:
- Mas ela tem telefone! Um grande e outro pequeno...

E ontem à noite, Rodrigo comeu um pedaço do ovo de Páscoa que ganhou da avó e, ainda que o pedaço fosse pequeno, o ser deu uma surtada geral e ficou fazendo show no meio da sala. A gente até brincou que a Júlia, que no ano passado se formou em balé clássico, vai ficar desgostosa da vida porque o Rodrigo claramente vai entrar mesmo é pro Grupo Corpo ;-) Era uma tal mistura de pulos, saltos, movimentos de capoeira que sabe que no fim ficou até harmonioso? Fora o orgulho do menino, né: "mãe, sabe o que eu sei fazer?". Ai, como eu amo e me emociono com tudo o que ela já sabe fazer!

Mas fato é que o menino queria silêncio na hora do show. E mandou todo mundo - eu, o pai, as irmãs - passarmos zíper na boca. A gente ameçava começar a conversar, e rolava um "shhh! Zíper na boca!". Até que a Bia resolveu provocar e começou a batucar a mesa. o Rô no começo não deu bola, mas quando percebeu, mandou de novo o tal zíper na boca. Como se não surtisse efeito e reparando melhor na origem do barulho, tascou: "- Zíper na mão!". Meu! Eu fico besta de ver como ele não passa recibo pra nada!