quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

vitamina S*


Rodrigo e eu no shopping quando topamos um banco em formato de vaca - vermelha, com chifres... esperando enquanto Edu resolvia um presente, (e depois de nos certificarmos que a pessoa que estava frente ao bicho, máquina fotográfica em punho, já tinha acabado) aproveitamos a generosa oferta de colo que a tal vaca nos fazia e sentamos. Mexe dali, mexe daqui, Rodrigo repara que tem uma coisa escrita no encosto do banco e lê "Swiss Chocolate". "Mãe, por que tá escrito chocolate?", ao que respondo, me achando super clara "porque foi uma loja de chocolate que fez o banco". Uma piscadinha que dei e lá estava o menino: com a língua bem na pontinha do chifre da vaca. Arregalei o olho e a voz "Rodrigo!", e ele só me olhou, desconsolado: "não é nada de chocolate essa vaca!".
Então, hoje a loja de chocolate já forneceu suficiente vitamina S, pelo menos pro Rodrigo :-P

*vitamina S, no dialeto da minha família, é um nome bonito pra "sujeira".

Imagem: daqui.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

sansão às avessas

ainda que você resista à ideia, hoje finalmente consigo te convencer a ir cortar o cabelo. e sempre me assusto ao redescobrir o desconhecido que você é para mim ao mesmo tempo em que relembro os pedaços meus e do seu pai que você carrega: as sobrancelhas do seu pai, os meus olhões ainda mais enormes na ausência da franja comprida... e também as feições de menino, cada dia mais longe do bebê e da criança que me pareciam mais próximos, mais meus. você pela casa, após o banho para se livrar dos restinhos do corte - praticamente uma nova pessoa.
levo você a cortar o cabelo, mas quem fica frágil e vulnerável sou eu: mãe um pouco boba, assustada como se você não houvesse crescido cada dia um pouquinho. surpresa como se você virasse gigante depois de uma porção de cogumelos mágicos. o coração derretendo no calor de te rever com o mesmo amor e curiosidade quando logo depois do seu nascimento.

sábado, 20 de outubro de 2012

cachorro simpático, cachorro...

Agora que temos o Biscoito, um vira-lata queridíssimo, as conversas em casa ganharam novos temas - os pêlos, a sem-vergonhice da barriga pra cima, a doçura das patinhas brancas em luva no corpinho grisalho (embora ele seja apenas uma criança de quase onze meses!)...
De modo que hoje, no jantar, Rodrigo falando sobre o Biscoito:
- "e se ele der a patinha, aí a gente dá um biscoito pra ele!" Parou e pensou mais um pouco, até que disse "mas e se o cachorro tiver antipatinha"?
Então, agora todos estamos sabendo: há cachorros que despertam simpatia e outros que despertam... antipatinha :-)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

tecnológico

Resolvo pendurar a roupa, deixando o computador ligado e a página do gmail, onde tinha acabado de me despedir da minha mãe, aberta.
Quando vejo, um serzinho intrometido tinha tentado recomeçar a conversa:

11:45eu: oi você tá boa?
  eo rodrigo
11:46 aonde ce ta
11:50 por que vocé não responde
11:52 tchau

 Eu mereço!!!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

maquinando

No meio das férias, num dos dias em que Rodrigo teve que ir comigo para o trabalho, a gente já tinha tido uma prévia de como a cabecinha dele andava funcionando. Depois de ir comigo a um almoço que era mezzo reencontro com uma amiga, mezzo trabalho (e apesar de ter ganho sorvete, bombom e um mini-macaron), Rodrigo estava bravo comigo. Chegamos em casa, eu tinha que trabalhar em alguma coisa e, quando saí do escritório encontrei um bilhete pendurado na porta:

- Reunião chata + um dia sem TV = R$5,00. Deixe o dinheiro aqui. .

"Aqui" era seguido de uma seta apontando para o envelope onde eu deveria deixar o "pagamento".

Apesar de não ter sido reembolsado pelos transtornos provocados pelo julho conturbado, Rodrigo não desistiu da estratégia.

Ontem, em pleno piquenique, minha memória falhou de novo e esqueci o nome do jogo de raquetes e bola  leve ou peteca que levamos para brincar. Tentava lembrar para contar para a Adriana e só pensava em frescobol. Rodrigo, atento à minha inquietação, disse baixinho: "eu sei como o jogo chama".

- É, filho, então me conta.
- não. Só se você fizer uma assinatura do Club Penguin!
- o quê? Não acredito! Não senhor... não vou assinar coisa nenhuma.
- então não te conto.

Dali a uns minutos, capitulou:
- o jogo é badminton, mãe.
- puxa, filho! Obrigada...
- ... mãe: agora você vai fazer a assinatura?

Póinhóinhóim! Eu mereço, viu? Ô cabecinha que não pára de maquinar...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

freudianas

Sigmund Freud, por Max Halberstadt (cf. WikiPedia)

 Caminhando pela rua:
- Rô, você está de mau-amor porque está com fome...
- Então eu vou comer a mamãe!
- Não pode, Rô! Quem vai cuidar de você depois que eu tiver sido engolida?
-  O papai!
- E quem vai cuidar do papai?
- A vovó!
E aí na esquina seguinte eu topei com Freud e seu sorriso de vitória.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

o caso da fada dos dentes

Rodrigo e a Fada dos Dentes são grandes pen-pals: desde que o primeiro dente do Rô caiu que eles trocam bilhetes, além de dentes por moedas. Foi assim que rodrigo descobriu que a letra da fada era minúscula, que fadas também fazem xixi, e que pesa muito voar carregando moedas (por isso, quando o dente caiu na praia, a fada deixou uma nota, pois não ia conseguir descer a serra carregando tanto peso!). Foi assim também que ele levou bronca da fada por deixar para ela um dente cariado.
Pois bem. Eis que quarta-feira mais um dente caiu. Rodrigo veio muito animado me contar a novidade. E já avisou que ia pedir notas invés de moedas. Como agora ele já escreve, ele mesmo pegou o papel e escreveu o bilhete.
O bilhete dizia: "Dona Fada, você pode mi dar duas notas de 5 *". O asterisco na verdade era um borrão, que eu não sabia se era um erro ou o ponto de interrogação riscado.
No dia seguinte, Rodrigo acordou e procurou debaixo do travesseiro. E não é que estavam lá as duas notas de R$5,00? Aí, ele veio todo decepcionado lamentar-se com o pai: "Poxa, eu pedi duas notas de 50 e a fada só me deu duas de 5!". Acho que a Fada precisa arrumar uns óculos. Ou um trabalho que pague melhor, vai saber!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

constatação

Trabalhando (ou tentando), escuto ao longe a gargalhada do Rodrigo - assistindo um desenho ou lendo um gibi da Mônica.
E a gargalhada dele tem uma ponta afiada que estoura pluft a bolha fina do meu coração de mãe.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

lição de ferramenta

Na hora do jantar, a Julia comenta que um de seus professores irá se aposentar no próximo ano. Como Bia e eu também tivemos aula com ele, começa a conversa:
Eu - mas ele não deu este semestre Brasileira I? Ele dava Brasileira I.
Bia - eu fiz poesia modernista com ele.
Eu - que era Bandeira e Drummond, né?
Bia - isso.
Eu - Era Brasileira I. E eu fiz também Brasileira IV.
Bia - Machado?
Eu - É. Ele dava Machado.
Rodrigo (até então só escutando) - o professor ensinava a usar o machado e aí você cortava lenha?
Nós todos - !!!!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

extensão

Rodrigo perguntadeiro, tateando o mundo:
- mãe, quantas horas tem a noite?
- como assim, Rô?
- se o dia tem 24 horas, quantas horas tem a noite? 24 também?
Olha, bem que eu queria uma unidade dia-noite de 48 horas, só para poder prestar mais atenção nessa criaturinha que cresce, fervilhante :-)

quarta-feira, 6 de junho de 2012

matchmaker

Chuva, frio... vou buscar Rodrigo na escola de táxi. Pego o menino, que logo me dá uma bronca por eu ter chegado dois minutos inteiros atrasada. Fácil...
No carro, ele me chama de vovózinha, não sei exatamente por que.  E aí começa o seguinte diálogo:
- Rô, eu só vou ser vovózinha se uma das suas irmãs resolver ter filho logo.
- Hã?
- É, filho. A Bia tem a idade que eu tinha quando casei com o seu pai, sabia?
- (pensa um pouco) O papai foi seu primeiro marido?
- (dando risada) Sim.
- (curioso) E quem vai ser o segundo?
- (desconcertada) Rô! A gente casa pensando em ficar junto, filho. Se tudo der certo, não tem segundo marido! É pra ficar junto pra sempre.
- (rindo) pra sempre?! Rárárá, vai ficar velhinho...
- É essa a ideia, Rodrigo.
Posso com isso?!

domingo, 3 de junho de 2012

liçao de botânica

No piquenique de hoje, Neide conduzia um pequeno exército de crianças, a descobrir as árvores frutíferas da praça. Muitas pitangas, muitas nêsperas... e até café e tomates e mangas e mesmo girassóis.
Na beira da praça, chegamos a um jatobá. Rodrigo, sempre ouvindo apressado, se espanta "chatobá?". E se diverte: "acho que é um idiotabá", "ah, não... é um egoístabá"!
E aí a lição de botânica virou de gramática: na lista das coisas a aprender, Rodrigo já pode riscar prefixos :-)

sábado, 5 de maio de 2012

nem zero a zero, nem um a um

Sexta-feira à noite, Rodrigo e a irmã mais velha engajados numa difícil partida de xadrez. A comida fica pronta e Bia joga a toalha: "Rodrigo, não tem mais jeito! Vamos declarar empate". Ao que Rodrigo responde imediatamente "Tudo bem. Mas eu ganho!". :-)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

mágica

rodrigo fica muito animado quando descobre que partilhamos a mesma professora na escola de natação. quando volto da aula, me pergunta coisas como "você nadou de jacaré?" ou "você foi correndo e pulou de bomba na piscina"? Mas o que mais o intriga é quando respondo que nadei trinta piscinas: arregala os olhões e investiga "mas aonde ficam as outras?!" :-)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

só?!!!!

No banco, tudo atrasa e enrola, então Edu precisa trazer Rodrigo para finalmente terminarmos o cadastro e o processo de pedido de financiamento. Demora, demora e Rodrigo, claro, vai ficando sem paciência. "É para a nossa casinha", ponderamos, na esperança de que a alegria da mudança se antecipe e lhe (nos) dê mais uns momentos de tranquilidade. Finalmente, tudo preenchido e podemos ir embora. Aproveitando que estamos no banco, paro num caixa automático para tirar um dinheirinho. Rodrigo acompanha, interessado. Saem poucas notas, a por cima é de R$10,00. Rodrigo me olha, in-dig-na-do: "só isso?!!!". Acho graça de seu comentário, sem desconfiar que depois piora, quando ele comenta em alto e bom som: "mas a casinha custa só isso?!!!". Tanto tempo de espera pruma merreca de dérreal? Tem toda razão, Rodrigo, toda razão...

quarta-feira, 14 de março de 2012

tem, mas acabou

Nove e meia da noite, Rodrigo, curtindo o primeiro exemplar da revista Ciência Hoje das Crianças que recebeu em casa: na seção de matemática, descobre que dá para fazer um truque. Leio para ele o que precisa e ele imediatamente se levanta para reunir o necessário. De pé, uma mãozinha sobre a outra, revê a lista falando:
  • um papel
  • uma caneta
  • uma calculadora
  • um amigo
Bate as mãozinhas e se enfia no quarto para pegar as coisas. "Mas onde você vai encontrar um amigo a essa hora, Rodrigo?", "Sei lá!".
De modo que as cobaias da mágica acabamos sendo nós mesmos.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

LENDO (tratar com Rodrigo)

Na nossa rua, tão mudada pelos lançamentos imobiliários dos últimos anos, pipocam placas pelos postes e nas entradas dos edifícios. Rodrigo, agora versão leitor, sai um dia de casa e se espanta: "Vendo? Vendo? Ué, eu tô vendo. Por que o prédio tem que anunciar que está vendo? Tá vendo o quê?".