segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Hoje de manhã

Filho querido,

é até difícil te explicar o quanto é gostoso acordar com os seus passinhos rápidos e empijamados pela casa, com seu cabelo despentado à beirada da nossa cama, com você se aconchegando para esquentar as mãozinhas geladas e, em seguida, começando a fazer palhaçadas pra ver se eu finalmente acordo.

E depois tomar café, trocar de roupa, ouvindo suas histórias e seus planos para o dia. É gostoso quando você vibra o sábado; é gostoso quando você sorri na hora de ir à escola...

Hoje, o tempo foi nosso amigo e o sol apareceu, então pudemos ir à escola caminhando. Pelo relógio, (muito) atrasados; pelo tempo marcado pelo carinho e pelo encontro, na horinha certa. Bem a tempo de de vermos as flores do canteiro desabrochando (- "Mãe, eu acho que ela abriu porque estava escuro, e ela abriu o olho para esperar amanhecer..."); as joaninhas que, plantadas, viram árvores; as formigas; o cachorro fazendo cocô no saquinho plástico - improviso de banheiro...; as pedras brancas e marrons pelas quais você inventa um caminho; a rua e seus barulhos e até o cachorro brabo que me lembra o Cachorrinho Samba...

Sua mãozinha quentinha dada à minha; você pesado e comprido no meu colo, na hora de atravessar a rua: meu filhote pequeno-grande.

E tão gostosa quanto essa proximidade mansa é chegar à escola, te ver pegar a bolsa, colocá-la decidido no ombro, e caminhar em direção à sala sem nem olhar pra trás: tanto orgulho, filho, que você saiba ficar e também saiba ir.