terça-feira, 30 de agosto de 2011

estalido

Vou buscar Rodrigo na escola e, enquanto voltamos, me lembro que guardei na bolsa algo para dar a ele: uma folha seca, daquelas retorcidas, que fazem um barulho alto quando estalam sob nossos pés.

Entrego a ele, dizendo: "filho, guardei para te trazer porque lembrei de você".

Mais que depressa ele põe a folha no chão e pisa forte, fazendo três pedaços. Feliz, volta a caminhar do meu lado. Até que me pergunta, sério: "mãe, você tinha me esquecido?".

Demoro um pouco a entender de onde vem essa ideia, até que me dou conta e tento explicar que, no amor, a gente lembra sem ter se esquecido: que a lembrança num sentimento-fluxo é feito pisar distraído numa folha seca e acordar com o estalido.