domingo, 31 de janeiro de 2010

Maquiavélico


Não sei se foi efeito da fantasia de príncipe que o Rô andou usando ou se é só inteligência mesmo. Mas ontem, deram-se fatos muito surpreendentes e divertidos aqui em casa.

Eram umas três e meia da tarde e Rodrigo teve uma fominha vespertina. Pediu sucrilhos sem leite e eu dei. Ele então sentou-se no sofá, no colo da irmã mais velha, a Bia, e ao lado da irmã mais nova, a Júlia.

Júlia então começou a surrupiar discretamente alguns sucrilhos do pote de Rodrigo. Mas nem toda a discrição do mundo poderia fazer com que o menino não percebesse, então ele deu uma bronca:

- Júlia! Pára de pegar meus sucrilhos!

Como ele, além de faminto, estava com sono, reforçamos a recomendação de não provocá-lo (e até ofereci um pote de sucrilhos próprio à Júlia - que, vale notar, tem 15 anos). Mas era tarde demais... Dois minutos depois da bronca, Rodrigo olhou para mim, com um ar de quem tem uma lâmpada brilhando acima da cabeça e pediu, com voz doce:

- Mamãe, coloca leite no meu sucrilhos?

Estranhei, mas disse que sim. Ele então completou seu pensamento:

- Se tiver leite, quando a Júlia colocar a mão, ela vai molhar o dedo e gritar "ai, ai, eca"!

Vê se pode? Eu confesso que fiquei rindo até às lágrimas com esse causo. Aí a gente percebe como nossos filhos de fato já aprenderam as relações de causa e efeito. O único porém é que o uso que eles fazem dessa aprendizagem é meio... incomum ;-)

Imagem: Nicolau Maquiavel, tirada daqui.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Rodrigo-Max



Rodrigo há tempos vem lidando com seus monstros e os livros tem sido companheiros fundamentais nesse processo. Primeiro ele encanou com Mamãe virou um monstro. Todas as noites esse era o livro que escolhia para ouvir. E quando eu, tentando explicar a ele sobre meus humores e chateações, fui comentar que às vezes também virava monstra, fui acolhida com imenso carinho pelo meu filhote, que aliviou minha culpa ao contar que também ele, e a irmã mais nova, e o papai viravam monstros.
Mais recentemente, são três os livros de monstros que fazem sucesso. Há o divertido Vai Embora, Grande Monstro Verde, que o Rô conta para si mesmo, sozinho, diversas vezes, feliz e contente com o poder de dizer ao monstro que vá embora e vê-lo partir, pedacinho por pedacinho. Também o maravilhoso Fuja do Garabuja, cheio de poemas deliciosos e ilustrações cheias de fantasia. Mas, sem dúvida, o preferido tem sido  Onde vivem os monstros, talvez até pela comoção em torno do filme.



A gente já lia o livro há um tempo, e estava esperando pelo filme. Porém, a classificação é 10 anos e um amigo querido nos sugeriu que o Rô pode achar o filme muito parado. Então, a gente se diverte vendo o trailer e lembrando os melhores pedaços do livro.
Por tudo isso, quando fiz uma coroa para ele, em parte foi por causa do tema que o grupo dele trabalhou no semestre passado - Princípes e Princesas - e em parte foi também para que ele pudesse seguir fantasiando e elaborando sua relação com os monstros - esses seres fascinantes com os quais nos identificamos, mas ao mesmo tempo tememos; essas partes de nós mesmos que gostaríamos de libertar, mas da qual abrimos mão em nome do aconchego de sermos cuidados e acolhidos.



Ai, filho... Que a gente não acaba nunca de procurar o equilíbrio entre cuidar carinhosamente dos nossos monstros e mantê-los sob controle. A gente não acaba nunca de oscilar entre a vontade de liberdade e a vontade de ter laços.



Que a bagunça monstruosa comece!!!!!!
(E quando você voltar, tenha certeza que o seu jantar quentinho estará esperando por você).

Imagem: Maurice Sendak

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

João Pedro

Nesses dias de tanta chuva, resolvi contar pro Rô uma história que minha avó sempre contava: a de que chuva era São Pedro fazendo faxina... Como ele quer tudo limpinho, capricha na arrumação: arrasta móveis de um lado pro outro e dá-lhe água pra deixar tudo tinindo de limpo!

Pois bem. Rodrigo gostou da história. O único problema é que o menino não processa que Pedro é um santo e, como tal, carrega a aureóla de santidade no São. Na-na-ni-na-não! Quem mora no céu e faz faxinas malucas e diárias, na cabecinha do Rô, é um menininho. Chamado João Pedro...

Esse João Pedro deve participar daquela equipe que monitora os focos de dengue, que o Rô vê a propaganda no Discovery Kids. Sabem? A "Turma do Tomate" (na verdade, Turma do Combate).

Devo estar falhando na hora de lavar as orelhas da criança...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

High-tech




Rodrigo hoje foi comigo ao correio (ele adora Correio e Carteiro. Já decidiu que será carteiro quando crescer e vibra todas as vezes que vê um caminhão de Sedex ou um carteiro uniformizado).

Bom. Mas chegando ao correio, o moço foi pesar a carta e Rodrigo se encantou com a balança. Mexeu prum lado, mexeu pro outro, até que avisei:
- Rô, cuidado! Você vai acabar descompensando a balança e ela vai começar a errar o peso das cartas!

Ele me olhou, desconfiado... E perguntou:
- Vai acabar a bateria?
- Não, filho. Não tem bateria nessa balança.

Ele pensou mais um pouco, e soltou:
- Mas então vai cair a conexão?

Olha, juro que se eu não tivesse ouvido, não ia acreditar! Essas crianças são muito adaptadas às tecnologias...

O moço ficou lá, meio se controlando pra não começar a gargalhar, mas dando risada - só não sei se da tirada do Rodrigo ou se da minha cara de atônita ;-)

Imagem: daqui.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Torcedor roxo


Vai daí que o Rô decidiu agora que, como a mãe, torce pro Santos. Já ganhou uniforme e copo, já falou da predileção pra Deus e o mundo... E também já se saiu com várias conversas engraçadas, que fazem a gente imaginar o que exatamente passa pela sua cabecinha bagunceira :-)

Essa foi a Juju, minha sobrinha, que ouviu. Estavam D. (meu outro sobrinho) e Rodrigo brincando e discutindo, porque o Rô não queria saber de emprestar a máquina fotográfica pro primo.
D., super sabido, jogou a carta da lição de moral:
- Se você não emprestar, você é egoísta.
Mas não adiantou nada, já que Rodrigo não passa nem recibo e saiu-se com um berrado:
- Não sou egoísta, sou santista!

Dias depois, eu conversava com Rodrigo sobre as artes que eles aprontam na escola. E ele rindo, mas negando tudo, até o fim...Aí eu comentei:
- É mesmo, Rô, você e o P.C. são uns santos...
Mas ele rebateu:
- Não, mãe, o P.C. me falou que é palmeirense...

Imagem: daqui.